Alguns podres
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Não, ainda não. Não está no tempo de convidar outra pessoa para dentro do meu coração. Na última vez que isso aconteceu, deixou mais bagunçado do que o normal e está dando um pouco de trabalho pra arrumar. Mas calma, já estou quase lá. Tenho que consertar algumas coisas, colocar uma estante e pintar tudo de outra cor. Esse não foi lá o ano da inspiração, em que escrevi outros livros, outros textos e ajudei milhares de meninas perdidas ao redor do Brasil. Esse foi o ano de me ajudar. E se isso significou um bloqueio criativo, paciência. Eu precisei me curar. Quer dizer, ainda estou me curando, mas pelo menos o tratamento já está chegando ao fim.
Ainda falando sobre sacrifícios que devemos fazer para o nosso bem, você já fez o check-up do seu coração? Algumas coisas devem estar meio podres, e provavelmente, são coisas que não queremos nos livrar. É sempre difícil nos livrar do que faz parte da gente. Talvez por achar que aquilo nos faz bem, talvez por nem saber que aquilo está ali. Mas está, e é uma praga. E se você deixar, aquilo vai infestar todo seu corpo, até chegar na sua cabeça, e se isso acontecer, é importante você ter um bom plano de saúde.
E nisso de ter que me apaixonar para escrever, eu vou tentando desmentir esse mito que eu mesma criei. Por tanto, me desculpem se os textos estão piores que o normal, é que eu realmente não consigo escrever sobre algo que não existe, nesse caso, os sentimentos (quem diria que um dia eu iria dizer essa frase, não é mesmo?).
Algo me diz que as coisas vão mudar. Sempre quando eu pego pra escrever, sinto uma sensação muito boa. É como se um voz me dissesse que as coisas vão melhorar e que eu não preciso me preocupar com coisas tão fúteis. Tá na hora de crescer e começar a pensar no futuro, porque ele já está chegando. Ele não é mais a última página do meu caderno onde eu fazia planos para daqui dois anos. Ele é agora, está ali na porta, virando a esquina. Não vou deixar ele ir embora.
E para isso, precisei tirar esses podres do meu coração. Doeu, doeu mais do que devia. Mas toda dor é para um fim, e nesse caso, o fim da minha dor. Então, até que esse processo se conclua, eu vou esperar as palavras voltarem para minhas mãos, assim como o amor próprio voltou para os meus conceitos básicos.
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