O Mundo
09:30
Talvez,
alguém aí do outro lado esteja se sentindo do mesmo jeito que eu. Percebendo
que tantas coisas acontecendo ao seu redor, mas os olhos e o coração continuam
duros e frios, como um poeta defunto – ou defunto poeta. Mas, depois de tanto
me questionar a origem desse sentimento (ou a falta dele), eu acabei notando
que, além da pouca idade que me acompanha, parte das minhas células se
obrigaram a crescer mais rápido que as outras.
O
que estou querendo dizer é que, querendo ou não, determinadas situações
marcantes nas nossas vidas nos obrigam a crescer rápido demais, Sozinhos.
Sofridos. Com pleno conhecimento sobre o mundo mas nem sempre da parte boa
dele.
E
por falar em mundo, a gente nem sempre consegue entender com eficácia o que
acontece nele rotineiramente. São muitas informações, muita realidade dura que
tentamos acompanhar, mas tudo vai e vem tão rápido... Por mais que eu tente,
parece que a língua portuguesa não contém palavras o suficiente para que eu
possa expressar minha angústia de não sentir nada por estar sentindo demais.
Por
mais que minhas velhas celulas continuem produzindo maturidade e liberdade, meu
coração ainda é de uma criança que foi abandonada aos 4 anos de idade e que
pensa que o mundo é cruel demais para ser enfrentado. Cheio de florestas
mau-assombradas, monstros e bruxas que estão sempre preparados para me devorar.
Recebo muita coisa do mundo, muita coisa impura que eu tento purificar, mas no
final eu acabo me poluindo. Tento organizar esse mundo, mas pra quê? Não sei.
Na minha cabeça isso fazia mais sentido.
Outro
dia me disseram que eu emano paz. Achei irônico, já que em mim acontece um caos
constante entre dois lados que vivem em conflito há quase 17 anos. A felicidade
versus a tristeza. “Ora, Bárbara, por que deixaria a tristeza vencer?”, você me
perguntaria. Realmente, ninguém entende que para um escritor dissimulado e
complexo, escolher a felicidade nunca é tão simples quanto parece.
Mas
voltando ao mundo, qual é minha relação com ele, afinal? Devo te dizer, caro
leitor, que eu sou o mais puro reflexo do mundo. E tentar explicar tamanha
imensidão e complexidade é inútil, tão inútil que levaria a sua idade para
estudar cada detalhe do mesmo. De mim mesma.
De
qualquer maneira, é difícil explicar o que significa ser reflexo do mundo. Eu
sou escrava dele, entende? Faço o que ele manda, quando ele manda, e vivo para
fazer ele feliz. Não somos amigos íntimos, nem existe um mutualismo entre a
gente. Eu só tento organiza-lo para ver se tal coisa deixa tudo mais simples,
mais limpo. Eu só preciso descobrir como conciliar o meu mundo com o mundo
real, de forma que eu não me machuque tanto assim.
São
tempos difíceis para o mundo. Não que ele esteja triste, mas só confuso e
perdido, assim como você, assim como eu também. E com isso, eu escrevo e sofro
um pouco mais, tentando me preencher de conhecimento ou sei lá o que. Não que
meu sorriso seja falso. Não que minhas lágrimas estejam congeladas. Mas sim,
que estou tentando achar meu pedacinho no mundo, de maneira que eu consiga ser
eu mesma, me expressar sem me empolar e ajudar o mundo quando ele precisar de
mim. Será que é esse meu problema? Ser boa demais até com quem não me quer bem?
Enfim,
eu não sei onde quero chegar, exatamente. Talvez isso tudo seja só uma fase da
lua, posição dos astros ou algo assim. Talvez eu desista de ser alguém no mundo
antes mesmo de adentra-lo. Mas o que eu vou fazer agora é ouvir o que todo meu
vazio tem para me dizer. Não tentar ser feliz ou não me render à tristeza, mas
sim sentir o que tiver que vir para eu descobrir cada pedacinho. Pedacinho do
quê?
Agora,
caro leito, se nas suas concepções eu for louca, devo-lhe afirmar que está
correto. Mas me diga... No meio de tanto caos, quem em sã consciência se
atreveria a ser normal?
Leia ouvindo: Sad Boy - Rad Horror
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